Vi um post no LinkedIn recentemente (infelizmente perdi o link) sobre uma candidata a uma vaga que, no currículo, escreveu com destaque: (SEM FILHOS).
Pra quem não sabe, eu sou mãe de uma menina de 9 anos. Isso causa espanto em algumas pessoas porque sou considerada jovem demais pra ser mãe.
Essa é minha filha, Maria Eduarda 💕:
Por muito tempo me culpei por ter sido mãe cedo, por não ter seguido a linha do tempo que parece ser a “correta” para a maioria das pessoas:
estudar ➜ se formar ➜ trabalhar ➜ casar ➜ juntar dinheiro ➜ ter filhos
Também me sentia mal por não ter a mesma experiência técnica que muitos dos meus amigos.
A verdade é que, enquanto eles estavam na faculdade ou fazendo mestrado, eu estava aprendendo a ser mãe, aprendendo como manter uma criança viva, sendo eu mesma praticamente uma criança.
Mas o que isso diz sobre mim e meu perfil profissional?
Quando nos tornamos mães, a vida não para pra gente aprender a ser mãe, a vida continua, acontece em paralelo à maternidade.
Enquanto eu aprendia a ser mãe, também era estudante, mulher migrando de área, mudando de estado em busca de oportunidades melhores pra mim e pra minha filha.
Busquei apoio nas PyLadies locais, buscava algo que me mostrasse que eu era capaz de trabalhar fora de casa, e não só em casa.
Hoje, sou uma mãe que trabalha, estuda, treina, ajuda a filha com as provas, colabora com a comunidade Python, cozinha, palestra em eventos, viaja a trabalho e mantém a casa organizada (na medida do possível) no meio de tudo isso.
Tá, mas… o que isso tem a ver com meu perfil profissional?
Sou uma profissional com excelente gestão de tempo, foco em produtividade, que sabe priorizar o essencial, que organiza tarefas, que está sempre aprendendo algo novo.
Sou alguém que se formou com uma criança correndo pela casa, que sabe se comunicar com clareza e que, mesmo com algumas inseguranças, consegue se reinventar quando necessário.
Quando eu preciso estudar algo profundamente, crio uma palestra e submeto em eventos, é assim que aprendo e compartilho.
Não sou a Mulher-Maravilha. Não sou boa em tudo.
Sou um ser humano em constante mudança, que se adapta, que mergulha de cabeça no que se propõe a fazer e isso me agrega muito profissionalmente.
Hoje, não me culpo mais por ter sido mãe cedo.
Hoje, agradeço.
Sem minha filha, eu talvez não tivesse a garra, a facilidade de lidar com obrigações em meio ao caos, num curto espaço de tempo e, principalmente, não teria aprendido tão cedo a pedir ajuda antes de perder tempo esperando que as coisas acontecessem magicamente.
Contratem mães.
Mesmo que a prioridade número um delas não seja sua empresa, elas ainda fazem dela uma prioridade. E o que elas entregam tem muito valor. 💖